terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Carga pesada, jeito feminino!

Todos os dias chegam ao Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, 160 mil toneladas de minério de ferro vindas da Mina de Carajás (PA). É a maior produção do mundo, carregada pelo maior trem de minério do planeta, que chega ao porto mais profundo da terra e depois é transportada pelo maior navio graneleiro do universo. Por trás dessa série de superlativos há a história de gente simples, anônima, que contribuiu para que a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) atingisse no ano passado o recorde de lucratividade: R$ 2,13 bilhões. Entre as peças de uma bem-sucedida cadeia de produção está a maranhense Ana Teresa Silva, a primeira mulher do País, talvez do mundo, a operar um trem de 206 vagões com uma carga de 23 mil toneladas de minério de ferro. Quando o comboio chega à estação, é ela quem sobe na locomotiva e faz a manobra com a geringonça de dois quilômetros de extensão. Embora a operação seja protegida por sistemas de segurança, o risco é não está afastado. Trata-se de uma máquina movida a eletricidade e óleo diesel, com 600 watts de potência, que usa 19 mil litros de combustível. Um pequeno descuido pode desencadear em segundos um incêndio capaz de derreter até a caixa-preta. “O trem não te machuca. Ele mata”, explica a maquinista.
Homem morto – Uma vez iniciada a operação, a cada 45 segundos Teresa tem de acionar o dispositivo “homem morto”, uma chave que leva à estação de controle o sinal de que o operador está vivo. Se esquecer a função, a máquina pára por medida de segurança. Por enquanto, suas atividades estão restritas aos pátios de manobras da Estrada de Ferro Carajás. Mas em dois meses ela inicia as viagens com o trem. A primeira missão será com o trem de passageiros da Companhia que faz a linha São Luís/Paraupebas (MA). Ao longo dos 861 quilômetros de extensão, percorridos em 16 horas, há três trocas de maquinistas. Os colegas de Teresa, todos homens, estão apreensivos. “É um serviço muito pesado para mulher. Eu não me acostumo com isso. É serviço de durão”, estranha João Batista Pereira, maquinista há 22 anos. “Em situações normais tudo bem, mas acontecem muitos imprevistos e a gente viaja sozinho no meio do mato”, explica. Numa situação dessas, cabe ao maquinista descer do trem, percorrer a pé todos os vagões e tentar sanar o problema. “Eu não vou me arriscar nem a companhia iria me colocar nessa função se eu não tivesse capacidade”, aposta Teresa.
Aos 34 anos e com 15 de CVRD, ela já percorreu todos os setores de oficina de trens antes de se tornar maquinista em junho do ano passado. Para isso, teve de abrir mão da convivência diária com suas duas filhas. A única vaga para maquinista que apareceu foi em Açailândia, a 513 quilômetros da capital São Luís. Sem pensar duas vezes, mandou as meninas para a casa da mãe e foi para o interior assumir o posto. Marido, ela já não tem há muito tempo. “No começo eles acham legal, mas depois começam a reclamar dos horários, do trabalho com outros homens.” Desde seu primeiro estágio na CVRD, Teresa teve de mostrar determinação. Não faltou quem quisesse transferi-la para funções administrativas. Foi assim quando passou na prova do estágio em mecânica. O chefe logo sugeriu uma função no escritório. Ela respondeu que não tinha feito prova para auxiliar de escritório e que, se não a quisesse, teria de cancelar o estágio e assumir o preconceito.
Vaidade – Em sua batalha num universo masculino ela precisou se esforçar mais do que os outros para competir de igual para igual. “Eu me matava de estudar em todos os cursos que fazia. Se a média da turma era 7, eu não aceitava tirar menos que 9,5.” Quinze anos depois, tirou uma lição: “A mulher não pode querer se comparar ao homem em termos de força. Tem de se impor como mulher.” E no seu jeito de se impor não falta o ritual de vaidade. A maquinista que carrega 23 toneladas de minério e passa o dia num calorento pátio de manobras não sai de casa sem passar batom, delinear os olhos e se banhar de perfume.
Por: Isabela Abdala http://www.istoe.com.br

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

EFMM, A MÃE DE RONDÔNIA, UM PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE!


Virou moda entre os historiadores nativos chamar a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) de  “a mãe do Estado de Rondônia”.  Mãe que de fato ela  é. Afinal, foi a partir dessa ferrovia que surgiram os municípios de Porto Velho e Guajará-Mirim, os primeiros desta unidade federativa.
No próximo 1º de agosto, a EFMM completa 100 anos. O acontecimento deve ser motivo de comemoração por todos aqueles verdadeiramente comprometidos com os valores nativos. A construção dessa estrada, que então ligou por trilhos esta cidade com a "Pérola do Mamoré", foi, sem dúvida, a maior epopeia do século 20.  Trabalhadores egressos de diversos países vieram construir essa obra, que começou efetivamente em 1909 e foi concluída em 1912.
Na quinta 16/2, foi criado o Comitê em prol da candidatura da lendária ferrovia a Patrimônio Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação), também chamado de  Patrimônio da Humanidade . O Brasil já conta com 18 sítios com esse importante título.
Os procedimentos nesse sentido começam pela apresentação da proposta ao governo brasileiro. Este, após analisá-la, decide se a apresenta ou não à UNESCO. Por óbvio, a EFMM possui todas as características que a qualificam para ocupar esse relevante posto.
 Contextualizada à época em que foi construída, a obra representa o enfretamento humano às intempéries da floresta, que além de animais selvagens, peçonhentos e  índios arredios, expunham os que ousavam enfrentá-la a doenças tropicais debilitantes e até letais, sendo a malária a mais frequente delas. Alguns historiadores definiram essa região como sendo, naquela ocasião, a mais doentia do mundo.   Dessas condições inóspitas resultou a morte de muitos a ponto de se propagar a ideia que cada dormente colocado na ferrovia representa uma vida ceifada.      
A EFMM tem valor histórico inestimável. Atribuí-la a maternidade do que hoje é o Estado de Rondônia afigura-se como justo por tudo que  representa não só pelo esforço para construí-la, mas, mormente, por ser ela a motivadora da existência desta região.
Alçar nossa ferrovia  ao patamar de Patrimônio da Humanidade  lhe dará maior visibilidade internacional. Com isso, maiores atenção e investimentos em suas restauração e preservação, maior afluxo turístico para nossa cidade, e instalação de novas empresas que saberão que Rondônia é um bom negócio, entre outros bônus.  
Esperamos que o governo brasileiro dê a devida atenção a essa questão; que é mais que nativista, mas nacionalista. É importante que nossos políticos, em particular o  governador Confúcio Moura, o prefeito Roberto Sobrinho,  e  nossos deputados e senadores intercedam junto à presidente Dilma e a quem mais for preciso para que nosso pedido tramite com a rapidez possível,  seja aprovado e encaminhado à UNESCO. Ainda por parte dessas autoridades, uma campanha deve ser empreendida em relação a representantes de outros países que pertencem a esse prestigioso braço da ONU, para que aprovem esse pedido do Brasil.
A EFMM, por tudo que representa para esta região, para a Brasil e para todos os países que marcaram presença na sua construção, merece o garboso título de Patrimônio da Humanidade. Que se faça justiça.
Por: Viriato Moura


 ABANDONO NA LINHA DO TREM
Foto: Dener Giovanini  locomotivas abandonadas em Porto Velho/RO

A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré – EFMM teve um importante papel na história da Amazônia. Sua construção foi definida no Tratado de Petrópolis, que foi um acordo diplomático com a Bolívia, negociado pelo Barão do Rio Branco em 1903, que tratava da incorporação do Acre, até então um território boliviano, pelo Brasil. No documento, além de pagar ao governo da Bolívia o valor de dois milhões de libras esterlinas, o Brasil se comprometeu a construir a ferrovia, para ajudar no escoamento dos produtos bolivianos pela Amazônia e facilitar a chegada deles ao oceano Atlântico.
Hoje a ferrovia praticamente não existe mais. Suas antigas composições a vapor (que fariam a alegria de muitos museus mundo afora) estão completamente abandonadas nas cercanias da cidade de Porto Velho/RO. Não passam de um monte de ferro apodrecido e abandonado às margens do que um dia foi uma ferrovia. Considerada a segunda obra mais difícil da engenharia mundial, ficando atrás apenas da construção do Canal do Panamá, a EFMM não conseguiu resistir ao descaso com que o Brasil trata alguns dos seus monumentos culturais. Lamentável.
Por: Dener Giovanini







sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Os 11 mandamentos de um Maquinista Ferroviário!


Trabalho sem sentimento, não é trabalho! É obrigação rotineira. Os ferroviários sempre trazem na alma o dom do amor ao que fazem."Glaucio Elias"


Foto: Leandro Oliveira Maquinista Capuxeta!



1º Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental.

2º Não verás teus filhos crescerem.

3º Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga.

4º A pressa será teu único amigo e as suas refeições principais serão lanches.

5º Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo, isso se te sobrarem cabelos.

6º Tua sanidade mental será posta em cheque antes que complete 10 anos de trabalho.

7º Dormir será considerado período de folga, logo, não dormirás.

8º Trabalho será teu assunto preferido, talvez o único.

9º As pessoas serão divididas em 2 tipos: as que entendem de “TRENS” e “FERROVIAS” e as que não entendem. E verás graça nisso.

10º Exibirás olheiras como troféu de guerra.

11º E o pior (MELHOR)... Inexplicavelmente gostarás muito de tudo isso ##########!!!


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

13 de fevereiro de 1804 - Viagem inaugural da primeira locomotiva do mundo.

No dia 13 de fevereiro de 1804, foi realizada a viagem inaugural do "cavalo mecânico", a primeira locomotiva. A máquina a vapor sobre trilhos destinava-se ao transporte mais rápido e eficiente de matérias-primas.

Desenho da primeira locomotiva de Trevithick de 1804

A mineração foi o motor da economia europeia no começo do século 19. O carvão era a matéria-prima para o aquecimento da casas – já que as cidades cresciam sem parar – e para as máquinas a vapor. Para transportar quantidades cada vez maiores de carvão, colocou-se uma máquina de tração sobre trilhos.
O diretor técnico do Museu Ferroviário de Bochum-Dalhausen, Thomas Huhn, explica que os trilhos sempre foram usados na mineração, só que os vagões eram puxados por cavalos. O construtor galês Richard Trevithick foi o inventor do "cavalo mecânico", que podia fazer mais força, sem nunca se cansar. Um cavalo com a força baseada na já então famosa invenção de James Watt, a máquina a vapor.
Para o transporte humano e de materiais
O protótipo era muito rudimentar: tratava-se de uma caldeira na horizontal, apoiada por quatro rodas. Para os leigos, ela não passava de um enorme tonel deitado, com chaminé e rodas. Trevithick teve que fazer muita propaganda, pois poucos viam futuro "naquilo".
Até que o inventor foi desafiado pelo proprietário de uma mina. O mineiro queria observar o desempenho da engenhoca sobre 15 quilômetros de trilhos. O teste foi marcado para o dia 13 de fevereiro de 1804. Trevithick provou que sua máquina podia transportar tanto pessoas como materiais. No caso, a máquina de tração levou 70 pessoas e dez toneladas de ferro.
A euforia inicial, entretanto, durou pouco, devido a alguns problemas. A máquina, pesada demais, logo voltou a ser substituída pelo cavalo. Só depois de alguns aperfeiçoamentos pelo construtor inglês George Stephenson a locomotiva a vapor conquistou respeito. Numa corrida, por exemplo, em 1829, a de Stephenson, batizada "Rocket" (foguete) chegou à frente de todas as concorrentes.
Pioneirismo no sul alemão
As locomotivas de Stephenson foram usadas na primeira ferrovia de serviço público e com o tempo aumentaram em tamanho e potência. Também a primeira locomotiva usada para o transporte de passageiros na Alemanha veio de sua fábrica. Seu nome era "Adler" (águia) e a partir de 1835 ela passou a ligar as cidades vizinhas de Nurembergue e Fürth, no sul da Alemanha.
Os pareceres médicos da época eram pessimistas: a velocidade "infernal" das máquinas poderia levar a um estado de delírio dos passageiros (por isso sugeriram a construção de muros dos dois lados dos trilhos). Mesmo assim, o trem se impôs como meio de transporte popular.
Já em 1860, a malha ferroviária alemã tinha quase 12 mil quilômetros. Em 1902, foi inaugurado o primeiro trecho ferroviário com energia elétrica na Alemanha e, sete anos depois, introduzida a locomotiva a motor diesel. A última locomotiva a vapor foi desativada no país em 1977.
Por: Catrin Möderler (rw)


domingo, 12 de fevereiro de 2012

ESTRADA DE FERRO CURITIBA-PARANAGUÁ TERÁ CASARÕES RESTAURADOS.

APESAR DE SER UM PROJETO DE UM DEPUTADO QUE FALOU NÃO A FERROSUL Ney Leprevost E DO TREM DESGOVERNADO ANTT, VAMOS DAR UM VOTO DE CONFIANÇA E DIVULGAR ESTE BELO PROJETO QUE TENTA RESGATAR A MEMORIA FERROVIÁRIA PARANAENSE.

Foto:Mauricio Muniz- CASA DO IPIRANGA

Após solicitação oficial do deputado Ney Leprevost junto à ANTT, o casario dos ferroviários que trabalhavam na estrada de ferro que liga Curitiba a Paranaguá, bem como as estações existentes ao longo do trecho, sofridos com a ação do longo tempo, serão restaurados em uma parceria entre a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, a ABPF – Associação Brasileira de Preservação Ferroviária e o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A diretoria da ANTT deliberou e aprovou a assinatura de Convênio de Cooperação Técnica para preservação do patrimônio ferroviário, além da autorização para Edital de Chamamento Público com vistas a selecionar a proposta técnica para execução da revitalização do casario histórico.

Foto: JEAN-ESTAÇÃO DE ROÇA NOVA

A Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá foi criada em 1880, tem 110 quilômetros de extensão que descem os 900 metros da serra e guarda alguns trechos originais daquele tempo, o que perpetua a comprovação do arrojado projeto do século passado. São ao todo 14 túneis, além de inúmeros viadutos margeando desfiladeiros de pedras e Mata Atlântica. O Túnel Roça Nova é o primeiro, e logo após, vem a Casa Ipiranga, que serviu de hospedagem para figuras ilustres da nossa história: o Imperador Dom Pedro II, o então presidente da Província do Paraná Carlos de Carvalho, e o pintor paranaense Alfredo Andersen hospedaram-se ali.

 Foto:Marília-ESTAÇÃO DE VÉU DE NOIVA 

A Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá é hoje uma das mais famosas do Brasil. Construída sobre a Serra do Mar, teve de vencer grandiosos obstáculos do relevo que pareciam ser impossíveis de se realizar para construção de sua linha férrea. Seu primeiro trecho foi inaugurado em 1883 e já em 1885 estava concluída, sendo então, a primeira ferrovia do Estado do Paraná. Mais tarde continuou se expandindo até 1892 quando alcançou o porto de Antonina.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

PORQUE "SUCATEARAM" AS FERROVIAS BRASILEIRAS?

DIFÍCIL DE ACREDITAR , MAS EU VIVI ESSE PERÍODO... 
"João Leite Neto "

Caricatura General Figueiredo, Presidente da República de 1979 a 1985.


TRANSCORRIA A DITADURA, SOB A CHIBATA DO GEN. FIGUEIREDO...TODOS SABEMOS, E A HISTÓRIA JÁ REGISTROU, A PERSONALIDADE DAQUELE GENERAL DE PLANTÃO ERA, NO MÍNIMO, CONTROVERTIDA..NA MESMA SEMANA QUE DECLARAVA PREFERIR O CHEIRO DO CAVALO AO DO POVO, REUNIA ALGUNS AMIGOS, PROMOVIA "FESTINHAS", E SE MOSTRAVA A PESSOA MAIS SIMPÁTICA DO MUNDO..SE ALGUÉM VIESSE ACOMPANHADO DE MOÇA BONITA ENTÃO, O VELHO MILICO SE DERRETIA TODO !!!
E FOI EXATAMENTE NESSA "BRECHA", QUE UM ESPERTO DEPUTADO DE ENTÃO, MUITO AMIGO DO DITADOR, ELABOROU SEU "PLANO"...
O BRASIL PRECISAVA DEFINIR SUA PRIORIDADE : OU "APOSTAVA" NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO, OU NO FERROVIÁRIO..
AS DESVANTAGENS DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO ERAM MUITAS, ALÉM DE ESTARMOS VIVENDO A CRISE DO PETRÓLEO, NOSSAS ESTRADAS ERAM MAIS ESBURACADAS DO QUE CAMPO DE GOLFE...
MAS, A DECISÃO TINHA QUE SER TOMADA...TODOS, OU QUASE TODOS, ARGUMENTAVAM QUE O TRANSPORTE FERROVIÁRIO, PARA NÓS, SERIA MUITO MELHOR. NOSSAS FERROVIAS AINDA NÃO ESTAVAM TOTALMENTE SUCATEADAS E, COM ALGUM INVESTIMENTO, SERIAM COLOCADAS EM CONDIÇÕES...TEMOS AINDA QUE LEMBRAR QUE NOSSAS COMPOSIÇÕES FERROVIÁRIAS ERAM TOTALMENTE MOVIDAS À ELETRICIDADE, E TÍNHAMOS SUPERAVIT DE ENERGIA ELÉTRICA, COM A NOSSA ITAIPU COM CAPACIDADE MÁXIMA...PARA SE TER UMA IDEIA, SÓ NA DIFERENÇA ENTRE O DIESEL IMPORTADO (DE ENTÃO), E O CUSTO DA ENERGIA ELÉTRICA (ABUNDANTE) HAVIA UMA DIFERENÇA DE 40% NO CUSTO DO FRETE. OU SEJA : O FEIJÃO SAÍA DE TAQUARITUBA(SUDOESTE DO ESTADO DE S.PAULO) E CHEGAVA À CAPITAL 40% MAIS BARATO...
AS CABEÇAS MAIS LÚCIDAS ESPERAVAM QUE A OPÇÃO DO GOVERNO FOSSE PELO TRANSPORTE FERROVIÁRIO...
FOI EXATAMENTE NESSE PONTO, QUE ENTROU O ESPERTO DEPUTADO, AMIGO DO PRESIDENTE, DONO DE EMPRESA DE TRANSPORTE, E RESIDENTE EM UMA CIDADE QUE O BRASIL TODO CONHECIA, COMO AQUELA ONDE EXISTIA O MAIOR "BORDEL", DE TODO TERRITÓRIO NACIONAL.FOI FÁCIL "ARMAR" A ARAPUCA..ALGUMAS HORAS ANTES DA DECISÃO SOBRE A POLÍTICA DE TRANSPORTES DO BRASIL, UM "FATO" INUSITADO MUDOU TUDO..CHEGARAM EM BRASÍLIA, DOIS AVIÕEZINHOS PARTICULARES, TRAZENDO 12 DAS MAIS BELAS "FUNCIONÁRIAS" DAQUELA CASA DO INTERIOR DE SÃO PAULO...NA MESMA NOITE FOI PREPARADA UMA FESTA, COM A PRESENÇA DE AUTORIDADES E, CLARO, DO PRESIDENTE...NO DIA SEGUINTE A DECISÃO ESTAVA TOMADA : OPTOU-SE PELO TRANSPORTE RODOVIÁRIO.....
AS POBRES E ALEGRES MOCINHAS NUNCA SOUBERAM O QUANTO PREJUDICARAM O BRASIL....
ENQUANTO ISSO, A EUROPA, O JAPÃO E O RESTO DO MUNDO, AVANÇARAM NAS FERROVIAS........


É QUE LÁ, AS "MOCINHAS ALEGRES" NÃO PARTICIPAM DAS DECISÕES DE GOVERNO !!

POR: João Leite Neto  JLN Comunicações


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A Locomotiva a Diesel.


A grande locomotiva a diesel aguardava licença frente a uma enorme composição cargueira. Seu tamanho descomunal e porte imponente sempre chamam a atenção por onde ela passa e seus maquinistas sentem muito orgulho em seu posto de comando.
 Enquanto aguardavam para continuar viagem, várias pessoas vieram para tirar fotos ou simplesmente olhar o trem. Um pequeno grupo se formou ao redor da máquina.
A locomotiva, feliz pelo assédio e curiosidade das pessoas, roncava seu poderoso motor mais alto. O maquinista até acionou a buzina para alegria dos presentes.
Depois que o movimento de curiosos cessou, o motor da máquina foi desligado e ela passou a estudar o lugar.
Um tanto afastada, estava a antiga estação da cidade. Praticamente em ruínas, estava tomada pelo matagal. Junto à sua plataforma, dois carros de aço carbono e uma velha locomotiva a vapor agonizavam sob a ação cruel do tempo e o abandono do homem.


Condoída, a máquina a diesel analisou aquela situação deplorável. A velha locomotiva estava enferrujada e toda cortada. Havia sido tão saqueada que seu tênder já não existia mais. Dos carros, só restava a carcaça corroída e resquícios da pintura azul e branca. Da estação, restaram tão somente as paredes, vagas lembranças dos tempos áureos da ferrovia.
A locomotiva a diesel agora contemplava aquela que outrora era soberana absoluta sobre os trilhos. As duas máquinas se encararam por um breve momento.
 A moderna locomotiva foi tomada por um temor respeitoso, frente àquela que fora a sua antecessora. Com talvez o triplo do tamanho da vaporosa, era tão jovem que nada sabia sobre o passado ferroviário. O pouco que sabia, vinha de histórias contadas na sua cabine, ou à sua sombra em dias como hoje, onde esperava para seguir viagem.
 Sentiu-se uma criança. Apesar de toda a sua potência e tecnologia, viu-se tão frágil e tão pequena, frente àquela vaporeira que, apesar de seu estado deplorável de descaso e destruição, ainda mantinha sua majestade, da qual havia sido há tanto tempo destituída.
Nunca vira uma Maria Fumaça funcionando, constatou. Nem carros como aqueles rodando. Fora construída muito depois da queda do transporte ferroviário de passageiros. Começou a se perguntar porquê... Será que um dia ela, hoje tão aclamada, teria fim igual ao daquela locomotiva? Seria desprezada e deixada para morrer em uma dessas filas de morte que já tinha ouvido falar?
A grande diesel-elétrica entristeceu. Começou a perceber a face sombria da ferrovia. Baixou os olhos e começou a fitar os trilhos. Próximo a eles, sob a sombra de uma pequena árvore, havia um senhor sentado em um banco de pedra, com os olhos voltados para a velha estação.
Curvado sob o peso do tempo, o ancião segurava a bengala com firmeza, perdido em seus pensamentos. Estava de costas para a locomotiva a diesel.
Quando o senhor voltou-lhe a face, a locomotiva pôde ver seus olhos. Estavam marejados, e ela percebeu que carregavam a mesma tristeza que ela vira na velha vaporosa. Por um momento, ele olhou para a locomotiva a diesel. A dor existente naquele olhar cortou-lhe o sentimento. Ela choraria, se tivesse tal capacidade. Novamente a máquina começou a encarar os trilhos. A dor e a amargura feriram-lhe mais que fogo. Compreendeu a cumplicidade existente entre o senhor, a locomotiva a vapor e seus carros. Foram separados pelo descaso e pela modernidade. Será que um dia seu maquinista choraria por ela carcomida pela ferrugem e largada em um cemitério de vagões?
Nesse momento, chegou a licença para partir. Seu motor foi novamente ligado, mas ele já não roncava tão alto. A máquina já não tinha o mesmo entusiasmo de antes. A revolta agora circulava juntamente com o diesel em suas entranhas. Havia sentido o gosto amargo da negligência e ele não seria esquecido tão cedo.
Soou a buzina estridente. Estavam partindo. Lançou um último olhar para a velha locomotiva, expressando toda sua condolência. A vaporosa aquiesceu. O ancião contemplou rapidamente sua passagem, com os olhos ainda vermelhos e úmidos. Como ela queria que aquele homem visse sua tristeza, embora isso não devolveria a ele tudo o que lhe fora tirado. Ela não podia fazer nada.


Por: Daiane Kowaleski Miranda